Chove. Oiço-a insistente lá fora, gotejando ritmada naquela batida que sugere ficar para todo o dia. Acordei quando tu chegaste de mais uma longa noite de trabalho cuidando daqueles que pacientemente e já sem esperança, esperam que o seu dia chegue. Tomámos juntos, para mim o pequeno almoço, para ti, talvez a ceia antes do sono merecido.
Tenho trabalho para fazer, mas também não me apetece. Quando me levantei tinha o propósito de ir andar ou correr um pouco, mas os tempos em que o fazia com prazer à chuva já passaram há alguns anos. Não me atrevo a sair do conforto do nosso humilde lar. Vou deixar-te descansar, e vou resistindo a fazer o que quer que seja. Estou naquela molenga que apetece estar embora a vozinha cá dentro diga que devo sair desta letargia. Vou continuar mais um pouco, porque mesmo o acto simples de me vestir me não apetece. Isto é algo que o Domingo tem de bom, o fazer apenas o que nos apetece, e hoje é um daqueles Domingos em que não me apetece fazer nada, mesmo nada.
Dorme Princesa, que eu não te acordo.